
No envelhecimento cutâneo prematuro tem um papel importante a presença dos radicais livres, em particular, quando os mecanismos celulares de defesa estão diminuídos. Apesar de nem todos os radicais livres terem a mesma actividade, a sua presença pode ser diminuída à custa de substâncias cuja estrutura tem anéis aromáticos (flavonoides, proantocianidinas, etc.)
A pele envelhece por todos os processos vitais se atenuarem, como a diminuição enzimática, o aumento dos radicais livres, as modificações do metabolismo e as alterações nas diferentes estruturas da pele e nos seus anexos cutâneos.
A nível da epiderme, a camada basal germinativa desorganiza-se, tornando-se a epiderme fina por diminuição das mitoses e, por isso, do número de camadas de células. A camada córnea torna-se lamelar, destacando facilmente. O manto hidrolipídico diminui, normalmente, com menor quantidade de lípidos e o cimento intercelular tem menor teor em ceramidas. A junção dermo-epidérmica achata-se, pelo que há menor teor em substâncias nutritivas. Há uma diminuição do número de células de Langerhans, o que origina um decréscimo nas defesas imunitárias da pele.
Na derme há, também, modificações importantes. As fibras de colagénio insolubilizam-se com a idade, tornando-se rígidas e compactas, perdendo o seu paralelismo e a sua orientação. As fibras elásticas alteram-se com o aumento do teor em lípidos e de cálcio, engrossam, perdem a elasticidade e juntam-se em aglomerados amarelados, visíveis através da epiderme. O próprio tecido conjuntivo fica mais rígido, havendo diminuição dos glicoaminoglicanos (constituintes dos proteoglicanos), que provocam a perda de tonacidade mecânica.
Os vados sanguíneos são visíveis por transparência e são mais frágeis. Nas pessoas idosas os vasos da pele deixam sair glóbulos vermelhos, que passado algumas semanas se destroem, deixando uma mancha acastanhada que corresponde a um depósito de ferro na derme.
A nível pigmentar há uma diminuição dos melanócitos, o que provoca o aparecimento de manchas hipopigmentadas ou acrómicas. Por vezes, existe um aumento incontrolado da síntese de melanina em certos melanócitos, o que origina o aparecimento de manchas hiperpigmentadas, chamadas manchas senis.

As glândulas sebáceas diminuem a actividade, mas, por vezes, pode aparecer uma hiperplasia dessas glândulas. Já o número das glândulas sudoríparas écrinas diminui, o que perturba a homeotermia. As unhas perdem a transparência e muitas vezes e muitas vezes apresentam estrias longitudinais. Os folículos capilares diminuem a sua actividade. Dá-se a queda do cabelo e o aparecimento de pelos brancos. Nas sobrancelhas os pelos engrossam, podendo aparecer pelos anárquicos nas orelhas e nas narinas dos homens, e a nível dos lábios e face nas mulheres.
O exame visual mostra uma pele pálida, amarelada e bacenta, com "grão" de pele irregular, por vezes, poros dilatados, comedões, quistos sebáceos. Pregas profundas em losangos (pele romboédrica) a nível do pescoço, rugas numerosas e profundas e um sistema piloso anárquico são outras características deste tipo de pele.
No exame à palpação, a pele é áspera, flácida, atrófica (delgada) e fibrosa.
Cuidados a Ter no Tratamento da Pele Envelhecida
- Usar cosméticos contendo exctractos de plantas com inibidores de radicais livres.
- Usar cosméticos com proteínas vegetais e com exctractos ricos em isoflavonas (moléculas com acção estrogénica).
- Usar cosméticos contendo exctactos vegetais com teores elevados em insaponificável e glicéridos com ácidos gordos essenciais capazes de restaurarem a barreira epidérmica.
- Usar cosméticoscontendo extractos cujos constituintes sejam estimulantes celulares e que activem a microcirculação.
- Usar cosméticos com protectores solares, de preferência naturais.
Fonte: Proença da Cunha A. et al., Plantas e Produtos Vegetais em Cosmética e Dermatologia, editado pela Fundação Calouste Gukbenkian, Lisboa, 2011